No segundo dia do evento, especialistas analisaram custos, tendências e perspectivas para centros de distribuição, destacando como o crescimento do e-commerce e a automação estão mudando o padrão de ocupação
O segundo dia da INTRA-LOG mergulhou no tema galpões logísticos, reunindo especialistas que detalharam tendências, custos e perspectivas para um mercado essencial da cadeia de suprimentos. O Hub de Inovações concentrou as apresentações e evidenciou como o crescimento do e-commerce, a busca por eficiência e a integração com novas tecnologias estão transformando a infraestrutura de armazenagem no Brasil.
Abrindo a programação, Simone Santos, diretora da Binswanger Brasil, apresentou um histórico da evolução dos condomínios logísticos em São Paulo. Ela mostrou como o setor saiu de estruturas básicas para empreendimentos com pé-direito alto, grandes áreas de piso e soluções para diferentes perfis de armazenagem.
Simone destacou que, embora a Região Metropolitana de São Paulo permaneça líder na oferta, novas rotas logísticas e a expansão do interior estão mudando o mapa da ocupação. “Há uma demanda consistente por espaços bem localizados e prontos para operações de alta complexidade, o que exige planejamento criterioso e visão de longo prazo”, avaliou.
Na sequência, Mauricio Nascimento, da Colliers, abordou estratégias para enfrentar o desafio dos aluguéis elevados em sua palestra “Galpões sob Pressão: Como Reduzir Custos Logísticos em Tempos de Aluguel Alto”. Ele explicou que a incorporação de tecnologias de automação e inteligência de dados ajuda a reduzir custos operacionais, compensando a alta nos contratos de locação. “Não se trata apenas de negociar preço. É preciso usar ferramentas como digital twins e análises preditivas para extrair o máximo de cada metro quadrado”, afirmou, lembrando que ganhos de eficiência energética também impactam diretamente o custo total de ocupação.
A palestra continuou com Gilson Schilis, diretor de novos negócios da Fulwood, que apresentou uma visão de futuro para os centros de distribuição. Ele enfatizou que a demanda por rapidez nas entregas e a adoção de processos automatizados e sustentáveis exigem flexibilidade na concepção dos empreendimentos. “Os galpões logísticos de amanhã serão hubs tecnológicos, preparados para operar com robôs, veículos elétricos e sistemas de energia limpa. Essa é a nova fronteira de competitividade”, disse.
Encerrando o painel, Marcelo Bigucci, diretor de locação e marketing da MBigucci, levou dados atualizados sobre a taxa de vacância no ABC paulista, um dos polos mais importantes do país. Ele relatou que o Centro Logístico MBigucci Business Park Santo André alcançou 100% de ocupação antes mesmo da entrega, evidenciando a força da demanda regional. “Já entregamos duas fases 100% locadas e estamos concluindo as obras da terceira fase, também quase totalmente locada, antes mesmo da conclusão”, disse.
De acordo com Bigucci, o desafio é agilizar novas obras e captar terrenos para atender setores como e-commerce, automotivo, eletrônicos e vestuário. “Estamos negociando áreas que podem aumentar em 25% a carteira de espaços disponíveis”, ressaltou.
Em síntese, o consenso é que, para garantir competitividade, os novos empreendimentos precisam combinar localização estratégica, alto padrão construtivo e infraestrutura preparada para a logística 4.0.
Público qualificado e feira robusta
O segundo dia da INTRA-LOG também reforçou, na prática, o dinamismo do setor de intralogística. Além da qualidade do conteúdo técnico, a movimentação intensa nos estandes gerou bons negócios. Para Leandro Fernandes, CEO da DockSteel, a participação no evento é estratégica para fortalecer a marca e abrir novas frentes comerciais. “Em 2024, participamos da Arena Tech e gostamos muito, por isso decidimos vir este ano com um estande completo”, afirmou.
Ele acrescenta que as expectativas foram superadas logo no primeiro dia. “Ficamos surpresos com o movimento. A feira está maior que no ano passado e, segundo a organização, estará ainda maior em 2026. Vimos um público muito alinhado com o que buscamos: decisores que têm autonomia para avaliar novas tecnologias e tomar decisões estratégicas.”
Com a combinação de debates sobre infraestrutura logística, apresentações técnicas e geração de negócios, a INTRA-LOG avança para o último dia como um dos principais pontos de encontro da intralogística brasileira, onde tecnologia, mercado e novas oportunidades se encontram.